sábado, 29 de janeiro de 2011

O nome disso é saudade

Sempre que eu sinto um vazio eu me ponho a pensar e noto que é sempre a mesma falta que eu sinto. É estranho como não importa o tempo que passemos juntos, as despedidas sempre dóem do mesmo jeito. Assim como nossa convivência é sempre serena e alegre. Sempre, não importando há quanto tempo não nos vemos ou conversamos. A impressão que eu tenho às vezes é de que você foi morar logo ali na esquina mas não tem muito tempo de vir falar um oi, embora quando venha, tudo funcione como sempre. Eu fico pensando em quantas renúncias você teve que fazer pra chegar aí e penso no tamanho do tiro no escuro que você deu, embora a gente dê tiros no escuro todos os dias. Penso nas pessoas com as quais você convive todos os dias, e agora elas tem forma definida. Eu sei quais são as ruas que você anda, o ponto que você pega o ônibus pra ir pro trabalho e sei até a cara do seu patrão. Sei onde você estuda e onde gosta de se divertir e sei com quem você faz piada todos os dias. Imagino você sentado no sofá e imagino por onde você passa até chegar na cama e sei pra quem você diz boa noite antes de dormir.
Mas acontece que eu sinto muita saudade e ainda é estranho sobrar Coca na geladeira, é estranho você não morar no quarto do lado e é estranho sentar na mesa e só ter três pratos. É surreal o seu abraço estar a tantos quilômetros de distância de mim. 
Sabe, é engraçado como ser comparada a você hoje me traz uma alegria diferente, embora isso sempre se chamasse alegria. Quando eu lembro de quando a gente brincava com os gafanhotos no quintal e penso no homem que você se tornou, me encho de uma admiração extrema, a qual sinto por pouquíssimas pessoas, não porque eu sou seletiva, mas porque as grandes pessoas como você quase não existem mesmo.
Eu tenho certeza do grande futuro que te espera como eu tenho certeza de poucas coisas na minha vida. Mas você como sempre me passa tanta segurança do que faz e com a vontade de quem vive intensamente cada oportunidade se jogando sem olhar muito pros lados pra conferir se estão vendo, que eu consigo ter essa certeza.
Eu poderia falar durante dias sobre tudo que você é pra mim, mas a verdade é que eu só to morrendo de saudade.

Assinado: Sua irmã.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

(...)

Eu penso que quero essa bagunça que é meu quarto e minha vida
Eu penso que o mundo é mesmo assim
Podre e com cheiro de fumaça
Que torna confusa minha ideia de perfeição
Porque a perfeição nada mais deve ser do que um modo de enxergar
E não é possível que os que veem embaçado não possam sentir

(...)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Pergunta de número dois

Por que as pessoas só olham pro céu quando sentem um pingo na testa?

Pergunta de número um

Por que os porquês além de não explicar motivos últimos, esvaziam tudo de seu sentido original?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Hoje eu quis escrever uma canção
Eu queria escrever uma canção que falasse sobre o quanto tudo tem sido diferente
Eu queria dizer isso meio que sem dizer, sabe?
Dizer isso nas entrelinhas
Queria que com muito esforço você talvez chegasse a algo próximo do que eu quis dizer.
Eu não queria dizer nada que soasse sentimental demais
Porque depois eu iria morrer de vergonha
E no fim eu ia acabar querendo que você não lesse.
Eu queria falar sobre o seu cabelo
E eu também quis falar sobre os seus olhos
Eu procurei no meio de mil palavras a mais adequada pra definir o que eu sinto pelo seu cabelo
Mas todas elas me apunhalaram.
Eu queria escrever uma canção
Mas eu não consigo.
Não sei se beijo
Se abraço
Se durmo.
Não sei se assumo
Se grito
Se morro.

Se quiser, atire
Só não me peça pra não sangrar.
Meus sapatos estão sujos
Mas meus pés não estão cansados de passar pela sua rua (e esperar que você saia na janela). Aquele dia que eu te chamei pra sair eu não sabia que você não estava disposto a se molhar da chuva que cai todos os dias. E por mais que eu soubesse que essa cidade apesar de fria, seca e indiferente me molha todos os dias, eu queria me molhar nessa droga dessa chuva, mas eu queria que fosse com você.
Eu não sei até quanto isso vai durar. A gente pode se molhar mais do que o planejado, mas você já parou pra pensar que a gente pode acabar gostando disso, mais do que o planejado?
Eu acho que não é prudente abrir o guarda-chuva quando tudo que se quer é voltar diferente pra casa.
Não é ridículo querer sair na tempestade mas não querer se molhar muito?

Se essa chuva continuar, o jeito vai ser dançar nela.
(é que eu não agüento mais ficar seca)