sexta-feira, 30 de julho de 2010


Nem gato, cachorro.
Alguns filmes,
Pai, mãe, vó, irmão
Vô, eu sinto tanto.
Remédios
Músicas, versos
Fone de ouvido
Som alto pelo barulho alto dos carros passando na rua

Eu sou.
Porque eu sempre fico com o gosto de fim.

Fim.

Andar por essas ruas me soa atraso
É como se os olhos cansados
Vissem as mesmas coisas.
Da janela do meu carro é fácil deduzir o mundo
O difícil é pisar sobre o mesmo chão que o louco
Porque achá-lo louco é tornar-me sã
E qual a sanidade disso?
               

Mania de Azul


Menina, tira esse céu dos olhos e começa a agir!
Dispa-se do azul sutil e se vista de branco
Que o dia hoje é de pranto
E ninguém vai ter tempo pro seu sorrir.
Quem é que agüenta, menina?
Vinte quatro horas de sorriso,
Um absurdo de alegria
Seus poros transpiram carinho
Quem é que suporta tanto mel?
Ninguém ousou falar
Mas não há quem queira.
Não há quem queira não.
Não há...

Não vou me adaptar


O filme da TV me vê em preto e branco
A mercadoria é cara
E se eles me comprarem
Eu fico mesmo sem mim.
Não tem perdão.
Você vai aprender que nesse mundo
Ninguém te dá a mão.
Se não fizer o dever de casa
Eu não passo de um degenerado,
Um atraso
Passível de negação.

Adaptação?!

As pessoas fingem ser felizes.
Fingem ter dinheiro
Pra fingir que tem amigos
Pra fingir que são felizes

Eu finjo que tenho você
Você finge que tem dinheiro
Pra fingir que temos amigos
Pra fingirmos que somos felizes.

O mundo finge que é mundo
E ninguém reparou.

Eu vou anunciar
Eu vou anunciar o que eu vejo no espelho
Eu vou leiloar o profundo
Eu vou mostrar o lado
O meu lado
Nem pródigo, nem prodígio
Sem prestígio
Mas sem gosto de fel
Eu vou anunciar
Eu vou leiloar
E eu quero ver quem vai comprar

Quem vai comprar?

Vim

Eu não sei direito o que eu sou
Nem sei bem o que quero da vida.
Metade das minhas poucas certezas
Foram embora quando você chegou

Ainda bem que você também foi embora.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mundo mudo


Quão lunático é o mundo de Eliete?
Quão luminosos são seus olhos que só esverdeiam à luz do sol?
Quão simples são suas mãos, desprovidas de tempo e de anéis?
Quão bravas são suas ondas quase tão navegáveis quanto passíveis de naufrágio?

Perde-se mais tempo esclarecendo esse mundo
ou se perdendo dentro dele?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Descoberta

Quantos verões serão necessários pra eu aprender que o sol só me beija se eu abrir a janela?
Quantos outonos passarão até que eu entenda que as folhas na calçada são um charme?
Eu não sei muito bem o que será da minha vida
Se eu passar por mais um inverno descoberta.