sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Eu falo de você

Que seja todo tipo de ilusão, a mais castigada
Passando assim despercebida
Que seja a mais querida.
Sem ser insensato, insensato é dizer que não vale a pena
“Insensato é todo ato de ser feliz sozinho”, já dizia o poeta
Pra quem?
Que falem do universo
De positividade,
De paráfrase, derreter ou desmanchar,
De loucura ou sanidade
De senso comum e obviedade
De fazer e refazer o mesmo ato de matar a sede
Nem que seja velha a sede,
Que falem de tudo,
Eu falo de você.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Tatuagem

Pra quem não sabe e gosta de saber, Chico Buarque costumava escrever através de um eu-lírico feminino. Eu não sei bem o que leva um homem a fazer isso, mesmo que ele tente justificar, mas como bem disse Caetano Veloso (que cá pra nós está um gato neste vídeo), isso se torna genial, e eu diria corajoso.

Seja por fazer com genialidade ou por conseguir expressar sentimentos tão femininos com fidelidade, seja por se propor a ao menos tentar se aproximar desse ideal, seja por qualquer outra hipótese, o fato é que o Chico é de se admirar.

E pra não dizer que não falei em Caetano, cá pra nós mais uma vez, depois do Tropicalismo, Caetano não precisa fazer mais nada da vida artística.

Agora olha só isso:


E pra quem gostou do que viu, dá uma olhada nisso:


Enquanto tem muito homem e também muita mulher tentando entender a tal da alma, Chico seguia cantando, isso não é lindo?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ao desespero parte 1

Rindo. Todos estão rindo e olhando pra mim. Foi quase que como me sentir aliviada por conseguir respirar depois de uma longa apneia. Foi quase que como beber esse gole de café, que apesar de não me apetecer me liberta do velho nojo. Nojo. Era sobre isso que eu queria falar. Ela era tão grande e viscosa, quase tão maior do que o meu nojo. Ela era tão maior que a minha existência, que só lhe faltou voar. Mas me falta um travo de infelicidade para resolver. Falta a minha velha sensação de pertencimento (onde eu estava mesmo?). De amargo em amargo, não vejo mais meu reflexo na xícara. Essas ruas querem me dizer algo. É tão urgente que elas permanecem em silêncio (como aquele inquietante e significante e preciso e an-gus-ti-an-te silêncio).  Eu preciso explicar pra essa gente o significado disso tudo. E sem mais generalidades.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pra rimar

Eu abro a janela pra essa dor passar
De pronto encontro o céu à espera
Dos meus olhos de sempre,
Os mesmos cansados.
De repente um pé de vento
Trazendo o peso daquela tarde toda
Aquela que já perdeu a energia da manhã
E que ainda não tem a carga da noite
Que me fez fechar a janela,
Não aquela que eu olhei durante horas e dias.
À perder de vista,
Não a paisagem, mas
A poeira que o vento trouxe,
Nublando aquele amarelo pregado no azul,
Acinzentando toda a minha idéia de paraíso,
E tudo o que eu queria era o teu riso.

Ao homem sentado tocando pra me fazer ouvir

Seu sorriso doce
O violão na mão
A alegria de viver
Sempre alegria, sempre viver
Sua voz grave e terna
Eterna em meu coração
Eterna em sua duração
A fé comovente, contundente
Seu dom maior, o de me fazer sorrir,
E dolorosamente sorrir.
Me surpreendeu saber que o poeta
Era tão humano, e portanto um fraco.
(Mesmo sua fraqueza aniquilava qualquer esperança e me enchia de sua eternidade).

Eu vi

Essa noite eu me (pro)pus a escrever, porque era desperdício pensar tanto.Eu coloquei meu pensamento naquele gato que havia passado todo cheio de si e sabendo muito bem o quanto estava sozinho e desprotegido. Foi inevitável a comparação.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Longe de casa

Se essa estrada me levasse pra algum lugar, eu queria que fosse até você.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O (in)verso de tudo

Ah, se essa flor fosse minha,
Eu botava ela no teu cabelo!
Ela é da cor da tua alergia
Da forma da minha vontade
E do cheiro de menta
Que é tão verde como aquele pé de esperança.

Desatando

Aí o moço chegou e disse que eu era uma louca de pedra e eu não quis responder porque meus olhos eram mais poéticos e aquela noite era tão simples. Há nove horas estou buscando uma solução para a aridez do meu coração e o estado de sítio que decretei há bem menos que nove dias. Você invade mais um lugar e não hesita em me atrapalhar em tudo o que eu fazia de melhor. Eu creio que meu eu lírico te ama, mesmo que seja mais sensato eu repetir que te odeio.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010